Número de trabalhadores subocupados chega a 6,8 milhões é o maior já registrado pelo IBGE

Contingente de pessoas que trabalham menos de 40 horas semanais e dizem querer trabalhar mais aumentou 9,3% em 1 ano.

Por Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, G1

O número de trabalhadores subocupados por insuficiência de horas, ou seja, aqueles que trabalham menos de 40 horas semanais e dizem querer trabalhar mais, atingiu 6,859 milhões no trimestre encerrado em setembro, o maior da série histórica da pesquisa do IBGE, iniciada em 2012.

O contingente de subocupados cresceu 5,4% (mais 351 mil pessoas) na comparação com o trimestre encerrado em junho, e aumentou 9,3% (mais 582 mil pessoas) sobre 1 ano antes.

O universo de subocupados representam cerca de 25% do total de 27,3 milhões de brasileiros que na visão do IBGE estão subutilizados. O grupo reúne, além dos subocupados, os desempregados (12,5 milhões), os desalentados – ou seja, aqueles que desistiram de procurar emprego – (4,8 milhões) e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos (3,2 milhões).

Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, além da informalidade, o aumento da subocupação pode ser reflexo também da geração de vagas de rabalho em regime parcial e intermitente.

No regime parcial, o trabalhador pode ter uma jornada de até 30 horas semanais, sem horas extras; ou de 26 horas, com a possibilidade de até 6 horas extras por semana. Já no intermitente, a o trabalho ocorre esporadicamente, em dias alternados ou por algumas horas, e a pessoa é remunerada por período.

Segundo divulgou o IBGE nesta terça, a taxa de desemprego no Brasil caiu para 11,9% no trimestre encerrado em setembro, mas ainda atinge 12,5 milhões de brasileiros. Trata-se da sexta queda mensal seguida e da menor taxa de desemprego registrada no ano.

A queda do desemprego, entretanto, tem sido puxada pelo aumento do trabalho informal ou por conta própria.

Questionado se há recuperação do mercado de trabalho, Azeredo pondera que ela se dá pelo volume de pessoas ocupadas, mas não pela geração de vagas formais.

“Essa recuperação em termos de volume, existe. Você tem menos pessoas na fila da desocupação, você tem uma taxa de subutilização menor, uma taxa de desocupação menor. Agora, o problema do mercado continua sendo o avanço da informalidade. Esse mercado de trabalho que cresce em termos de volume de pessoal ocupado, ele cresce sobre uma plataforma informal, ou seja, é emprego sem carteira e trabalho por conta própria”, disse.

O pesquisador destacou que, somados, os trabalhadores sem carteira assinada e os que trabalham por conta própria somam cerca de 35 milhões de pessoas. Já o contingente com carteira de trabalho assinada somam cerca de 33 milhões. “Só esses dois elementos da informalidade somados são superiores ao que se tem de carteira assinada no Brasil”.

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado foi classificado pelo IBGE como estável frente ao trimestre anterior (oscilação positiva de 0,4%) e também no confronto com o mesmo trimestre de 2017 (oscilação negativa de 1%).

Já o número de trabalhadores sem carteira de trabalho assinada no setor privado (11,5 milhões de pessoas) subiu 4,7% em relação ao trimestre anterior (522 mil pessoas a mais). Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a alta foi de 5,5% (601 mil pessoas a mais)

A categoria dos trabalhadores por conta própria (23,5 milhões de pessoas) cresceu 1,9% em relação ao trimestre anterior (mais 432 mil pessoas) e aumentou 2,6% (mais 586 mil pessoas) em relação ao mesmo período de 2017.

G1